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Hoje em Dia entrevista professor Sacha Calmon acerca de sua nova obra


O professor Sacha Calmon e seu novo livro “A História da Mitologia Judaico-Cristã” ocupam a primeira página do caderno Cultura, do jornal Hoje em dia, de Belo Horizonte.
 
 
 
Tramas da mitologia
EDUMORAES
LIVRO/LANÇAMENTO
 
 
Estudo publicado pelo tributarista Sacha Calmon investiga origens e atualidade da mitologia judaico-cristã
 
 
JOSÉ ANTÔNIO ORLANDO
REPÓRTER
 
Considerado um dos maiores advogados tributaristas em atuação no Brasil, com mais de 50 livros publicados na área de Direito Tributário, o ex-juiz federal Sacha Calmon lança amanhã em Belo Horizonte, na Livraria Mineiriana, um livro que representa uma exceção em relação a seus trabalhos anteriores. Em “A História da Mitologia Judaico-Cristã” (Editora Noeses, 680 páginas, R$ 99), o advogado e professor universitário investiga questões polêmicas na fronteira entre dogmas religiosos e historiografia – entre eles a criação do homem, analisada à luz dos textos bíblicos e em contraponto a teorias científicas como a que trata da evolução das espécies.
 
O estudo minucioso apresentado por Sacha Calmon – que tem por subtítulo “Uma teoria sobre as religiões reveladas servida por uma antologia comentada de autores seletos” – mergulha no tema que há quase 5 mil anos intriga grandes pensadores:como e por que surgem os mitos que embasam o que se convencionou chamar de “civilização judaico- cristã” ou, simplesmente,
“civilização ocidental”. As referências e as análises enumeradas por Calmon interligamo pensamento de grandes teóricos da filosofia, história, psicologia, religião e ética, entre eles Pierre Teilhard de Chardin, Hans Kelsen, Israel Finkelstein, Asher Silberman, Sigmund Freud e Herbert Marcuse. O autor questiona aspectos da tradição judaico-cristã para apontar, com base em autores judeus, como Israel Finkelstein e Neil Silberman,alguns paradoxos históricos. “As referências muitas vezes surgem nos textos bíblicos com uma função normativa. Há questões curiosas, literárias, e outras que contrariam os próprios registros históricos. Um exemplo: Abraão, de um período mais antigo, não podia ter camelos, que foram introduzidos na região cerca de 900 anos antes de Cristo. Testes de Carbono 14 de ossos de camelos provam a assertiva”, explica Calmon, que também destaca outros aspectos investigados em seus estudos – como o fato de a Torá, livro sagrado dos judeus, ter sido escrita por Josiasem640 antes de Cristo – e o que sublinha como dúvidas dos estudos historiográficos no que se refere à presença do povo de Israel no Egito e ao próprio Êxodo comandado porMoisés.“Emais: aarqueologia prova que Jericó nunca teve muralhas”, aponta. Com base em Jack Miles, Morgan Cohn, Paul Jonhson, Karen Armstrong, Ferdinand Lot e Ernest Renan, o livro mostra a suposta incompatibilidade entre figuras descritas nos textos bíblicos e registros históricos, sem contudo questionar seus fundamentos religiosos. O estudo também destaca o tronco comum entre o judaísmo e o islamismo, religiões que surgem por meio da revelação divina. Segundo o livro, “as três religiões semitas, o judaísmo tronco e seus ramos, o cristianismo e depois o islamismo, comprovam à maravilha este amálgama do divino e do profano, apresentando-se no palco da História como sistemas antropomórficos, ou seja, de controle social, altamente repressivos, construídos à imagem e semelhança das ideias, crenças, noções e interesses radicalmente humanos”, registra o autorno pequeno texto de apresentação intitulado “Uma explicação prévia”. “Sempre fui um jurista voltado ao mundo do Direito, que é técnica, ciência e arte de organizar sociedades e planificar comportamentos, premiando os desejáveis e punindo os indesejáveis”, explica Calmon, em entrevista ao HOJE EM DIA. “Mas, ao mesmo tempo, sempre fui um ávido leitor de livros sobre assuntos diversos relacionados à história, à política, à economia e à religião”, destaca. É por conta destes interesses abrangentes de pesquisa que o advogado diz ter investido na idéia de organizar um livro interligando autores consagrados. Nas mais de 600 páginas, o autor percorre cerca de 100 mil anos de história que, segundo estudos de especialistas como Morgan Cohn, antropólogo norte-americano, registram sociedades com 70 mil anos de selvageria, 20 mil anos de barbárie e 10 mil anos de civilização, que coincidem com o pastoreio, o sedentarismo e a agricultura às margens das bacias dos grandes rios da China, Índia, Mesopotâmia e Egito. “A discussão que proponho é uma história diversa, mas abordando o mesmo período histórico e, de certa forma, os mesmos personagens”, explica, destacando que, pela tradição judaico-cristã, desde Adão até os nossos dias se passaram 5.800 anos. Entre as conclusões do trabalho de Sacha Calmon está a de que o Direito se inspirou em conceitos religiosos, e que alguns destes, historicamente, nos prometeram um final jurídico em que tudo se resumiria a um julgamento entre culpados ou inocentados. E, depois disso, o que viveríamos eternamente no céu e no inferno. Para o autor, uma simplificação que não faz justiça aos próprios preceitos divinos. “Trata-se de um dualismo maniqueísta, indigno da imensa bondade de um Deus minimamente justo. A condição humana já é por si só complexa. E tamanho castigo nem o homem imagina para os seus semelhantes”. Segundo Calmon,a civilização precisa cultuar desde a infância a não-violência, a solidariedade, a compaixão, a humildade, a coragem e o perdão, como quiseram Buda e Jesus.
 
Lançamento do livro “A História da Mitologia Judaico-Cristã” (Editora Noeses, 600 páginas, R$ 99), de Sacha Calmon. Amanhã, a partir de 19 horas, na Livraria Mineiriana (Rua Paraíba, 1419, Funcionários).

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