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Jornal Valor Econômico cita Prof. Sacha Calmon

10 de dezembro de 2007

A edição de hoje do jornal Valor Econômico, em uma reportagem especial sobre as perspectivas de progresso para a cidade mineira de Conceição do Mato Dentro, que recentemente descobriu uma mina inexplorada com reservas de minério de ferro estimadas em 1 bilhão de toneladas, cita Prof. Sacha Calmon.  

 

 

 

Na praça e no sermão, cidade mineira debate o preço do progresso

 

 

 

 

 

 

Ivana Moreira, de Conceição do Mato Dentro (MG)

 

 

 

Fundada em 1840, Conceição do Mato Dentro é uma espécie de santuário religioso e ecológico no meio da Serra do Espinhaço, reserva da biosfera brasileira reconhecida pela Unesco. Mas a cidade histórica, que hoje sobrevive do turismo, está prestes a entrar para outro mapa: o da mineração. Um achado inusitado da MMX, uma mina inexplorada com reservas estimadas em quase 1 bilhão de toneladas de minério de ferro, promete mudar radicalmente a vida dos 18 mil moradores da cidade.

 

 

 

 

 

A exploração do minério do ferro ainda depende de licença ambiental da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) e não deve começar antes de 2010. Mas os geólogos e engenheiros que já se instalaram no município, para o trabalho de prospecção, marcam o início de uma nova história na cidade. Conservadora, a população ainda está dividida entre as promessas de redenção econômica feitas pela MMX e os questionamentos levantados por ambientalistas e até pela Igreja. A pergunta entre os moradores é: qual será o preço do progresso?

 

 

 

 

Pároco da cidade há sete anos, o padre franciscano Marcelo Romano colocou a discussão no sermão da missa. Denunciou a pressão do poder econômico sobre os pequenos donos de terra na região. Alertou: dinheiro vai embora e muitos vão ficar sem nada, sem dinheiro e sem terra. "O céu não é só depois da morte, o céu é vida digna aqui na terra", diz o padre. "A empresa apresenta o céu mas alguém tem de contar que existe um inferno por trás disso tudo, impacto social, um preço a se pagar", continua. "Este céu não será para todos."

 

 

 

 

O sermão do padre, claro, desagradou a muitos – dos executivos da empresa aos políticos que já calculam os ganhos tributários e eleitorais. Padre Marcelo dá de ombros e segue trabalhando pela conscientização da população, sempre que tem oportunidade. Segundo ele, o papel religioso não está desvinculado do papel político.

 

 

 

É preciso pregar a ética cristã. "Não sou contra o progresso, não quero o atraso para a população, mas não quero a riqueza que só beneficiará poucos", declara.

 

 

 

 

Superintendente da Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas lembra que poucas reservas no mundo têm tamanha diversidade ambiental quanto a Serra do Espinhaço. Além da exuberância da flora e da fauna, a região é ricaem recursos hídricos. A área também é considerada uma importante reserva cultural, onde convivem tradições mineiras e indígenas. Ainda vivem na Serra do Espinhaço várias comunidades indígenas.

 

 

 

 

"Não somos contra o projeto, mas nos preocupamos com o processo, o risco de licenciamento ambiental fragilizado do ponto de vista técnico e político", diz a ambientalista. A crítica de Maria Dalce é dirigida ao governador do Estado, Aécio Neves (PSDB), um dos defensores do projeto de Eike Batista, controlador da MMX.

 

 

Ela reconhece que Conceição é uma cidade de economia deprimida, carente de oportunidades para os moradores. Dos 853 municípios mineiros, Conceição tem o 665º pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Há uma única escola de ensino médio na cidade. Menos de 10% da população conseguiu ir além dos oito anos do ensino fundamental. O PIB per capita, segundo dados do IBGE de 2004, foi de apenas R$ 2,7 mil.

 

 

 

 

 

A ambientalista cobra uma posição mais firme por parte do poder público – estadual e municipal – para que a MMX seja obrigada a compensar adequadamente o impacto ambiental e social que provocará na região. "Haverá um conflito potencial para a vocação turística da cidade e aumento da demanda por serviços públicos." As operações da mineradora vão abranger outros três municípios: Serro, outra cidade histórica, Alvorada de Minas e Dom Joaquim.

 

 

A ambientalista cobra uma posição mais firme por parte do poder público – estadual e municipal – para que a MMX seja obrigada a compensar adequadamente o impacto ambiental e social que provocará na região. "Haverá um conflito potencial para a vocação turística da cidade e aumento da demanda por serviços públicos." As operações da mineradora vão abranger outros três municípios: Serro, outra cidade histórica, Alvorada de Minas e Dom Joaquim.

 

 

 

 

A jovem conhece bem o problema do desemprego na cidade. Morouem Belo Horizonte , para trabalhar, até conseguir uma emprego de auxiliar-administrativo numa das poucas lojas de eletrodomésticos e móveis da cidade. Mas nem a promessa de milhares de empregos a empolga. "É difícil acreditar que vão conceder esse licenciamento ambiental", diz ela.

 

 

A jovem conhece bem o problema do desemprego na cidade. Morou em Belo Horizonte , para trabalhar, até conseguir uma emprego de auxiliar-administrativo numa das poucas lojas de eletrodomésticos e móveis da cidade. Mas nem a promessa de milhares de empregos a empolga. "É difícil acreditar que vão conceder esse licenciamento ambiental", diz ela.

 

 

 

 

Entre abril e maio deste ano, logo no início das pesquisas, a MMX foi obrigada a suspender o trabalho depois de denúncia da população. A empresa, que tinha avançado 32 hectares em mata nativa, só pôde retomar a pesquisa depois de assinar um termo de ajustamento de conduta. No imaginário da população de Conceição de Mato Dentro, o exemplo do município de Itabira, enorme mina a céu aberto descoberta pela Companhia Vale do Rio Doce na primeira metade do século passado, soa como um grande sinal de alerta e alimenta discussões intermináveis. Em décadas de exploração, a mineração de ferro não conseguiu estimular o desenvolvimento econômico do município.

 

 

Entre abril e maio deste ano, logo no início das pesquisas, a MMX foi obrigada a suspender o trabalho depois de denúncia da população. A empresa, que tinha avançado 32 hectares em mata nativa, só pôde retomar a pesquisa depois de assinar um termo de ajustamento de conduta. No imaginário da população de Conceição de Mato Dentro, o exemplo do município de Itabira, enorme mina a céu aberto descoberta pela Companhia Vale do Rio Doce na primeira metade do século passado, soa como um grande sinal de alerta e alimenta discussões intermináveis. Em décadas de exploração, a mineração de ferro não conseguiu estimular o desenvolvimento econômico do município.

 

 

 

 

As perdas econômicas, financeiras e ambientais em Itabira foram tema de pesquisa publicada pelos economistas Germano Mendes de Paula e Edméia Ribeiro de Melo, da Universidade Federal de Uberlândia. De acordo com eles, a mineração voltada para exportação não consegue induzir desenvolvimento auto-sustentável para os municípios mineradores.

 

 

As perdas econômicas, financeiras e ambientais em Itabira foram tema de pesquisa publicada pelos economistas Germano Mendes de Paula e Edméia Ribeiro de Melo, da Universidade Federal de Uberlândia. De acordo com eles, a mineração voltada para exportação não consegue induzir desenvolvimento auto-sustentável para os municípios mineradores.

 

 

 

 

Com investimento previsto de US$ 2,3 bilhões, da MMX em parceria com a Anglo American, o chamado sistema Minas-Rio terá uma produção de aproximadamente 26,6 milhões de toneladas por ano. O minério da região de Conceição do Mato Dentro será escoado, como polpa, por um mineroduto de 525 quilômetros de extensão ligando a usina de beneficiamento ao porto Açu, no litoral fluminense. A previsão é de que sejam gerados 6 mil empregos em todo o sistema. Durante as obras de construção, o número de empregos chegará a 10 mil. Para a construção do mineroduto, a MMX já conseguiu licença prévia do Ibama.

 

 

Com investimento previsto de US$ 2,3 bilhões, da MMX em parceria com a Anglo American, o chamado sistema Minas-Rio terá uma produção de aproximadamente 26,6 milhões de toneladas por ano. O minério da região de Conceição do Mato Dentro será escoado, como polpa, por um mineroduto de 525 quilômetros de extensão ligando a usina de beneficiamento ao porto Açu, no litoral fluminense. A previsão é de que sejam gerados 6 mil empregos em todo o sistema. Durante as obras de construção, o número de empregos chegará a 10 mil. Para a construção do mineroduto, a MMX já conseguiu licença prévia do Ibama.

 

 

 

 

O projeto nem bem saiu do papel e os efeitos já são visíveis no centrinho de Conceição. Alugar uma casa de três quartos pode custar R$ 1 mil – preço de Belo Horizonte. Os imóveis já são disputados pelos funcionários da mineradora que começaram a chegar e também pelos empregados da empreiteiras contratadas pela MMX.

 

 

O projeto nem bem saiu do papel e os efeitos já são visíveis no centrinho de Conceição. Alugar uma casa de três quartos pode custar R$ 1 mil – preço de Belo Horizonte. Os imóveis já são disputados pelos funcionários da mineradora que começaram a chegar e também pelos empregados da empreiteiras contratadas pela MMX.

 

 

 

 

Os comerciantes – além dos políticos – parecem ser os únicos em Conceição que já assimilaram totalmente as mudanças. "Vai haver alguma depredação da natureza, a cidade não será mais tão tranqüila, mas é a contrapartida para o crescimento", opina AntônioCosta Ferreira Filho. Há 50 anos, a família Ferreira vende de roupas a utilidades domésticas no centro da cidade. Segundo ele, seu faturamento já cresceu pelo menos 10% desde que os primeiros geólogos contratados pela MMX chegaram .

 

 

Os comerciantes – além dos políticos – parecem ser os únicos em Conceição que já assimilaram totalmente as mudanças. "Vai haver alguma depredação da natureza, a cidade não será mais tão tranqüila, mas é a contrapartida para o crescimento", opina Antônio Costa Ferreira Filho. Há 50 anos, a família Ferreira vende de roupas a utilidades domésticas no centro da cidade. Segundo ele, seu faturamento já cresceu pelo menos 10% desde que os primeiros geólogos contratados pela MMX chegaram .

 

 

 

 

Outro comerciante, que prefere não ver o nome publicado, é da mesma opinião. O sossego deve acabar, mas sua caixa registradora vai funcionar mais. Dono de uma padaria e de um supermercado, ele construiu nove salas para alugar em cima do supermercado. Está apostando que profissionais liberais vão começar a chegar.

 

 

Outro comerciante, que prefere não ver o nome publicado, é da mesma opinião. O sossego deve acabar, mas sua caixa registradora vai funcionar mais. Dono de uma padaria e de um supermercado, ele construiu nove salas para alugar em cima do supermercado. Está apostando que profissionais liberais vão começar a chegar.

 

 

 

 

Bom negociante, está aproveitando também o boom da especulação imobiliária. Comprou vários lotes por R$ 17 mil cada um e os revendeuem seguida por R $ 25 mil.

 

 

Bom negociante, está aproveitando também o boom da especulação imobiliária. Comprou vários lotes por R$ 17 mil cada um e os revendeu em seguida por R $ 25 mil.

 

 

 

 

Prefeito faz planos para quando o dinheiro sobrar

 

 

 

 

 

 

De Conceição do Mato Dentro

 

De Conceição do Mato Dentro

 

 

Não se consegue bônus sem ônus. Para o prefeito de Conceição do Mato Dentro, Sebastião Soares dos Santos (PSDB), este é um fato incontestável com o qual a população da cidade terá de se acostumar. Graças ao projeto de mineração da MMX, dentro de 15 ou 20 anos, a cidade terá pelo menos 50 mil habitantes – mais de duas vezes e meia a população atual.

 

 

 

 

 

 

A vida será diferente, mas não necessariamente pior, é o que diz o prefeito. Segundo ele, a prefeitura tem hoje pouco o que fazer com os parcos recursos do orçamento municipal, de R$ 1,2 milhão por mês. As estradas municipais, que ligam os vários distritos rurais, são todas de terra. "Quando chove é atoleiro, quando não chove é poeira."

 

 

A vida será diferente, mas não necessariamente pior, é o que diz o prefeito. Segundo ele, a prefeitura tem hoje pouco o que fazer com os parcos recursos do orçamento municipal, de R$ 1,2 milhão por mês. As estradas municipais, que ligam os vários distritos rurais, são todas de terra. "Quando chove é atoleiro, quando não chove é poeira."

 

 

 

 

Com o aumento da arrecadação, calcula Santos, haverá dinheiro para asfaltar tudo. Também será possível construir uma espécie de rodoanel, para desviar os carros da mineração da Avenida JK, que corta o centro da cidade.

 

 

Com o aumento da arrecadação, calcula Santos, haverá dinheiro para asfaltar tudo. Também será possível construir uma espécie de rodoanel, para desviar os carros da mineração da Avenida JK, que corta o centro da cidade.

 

 

 

 

O prefeito não revela os números da projeção de crescimento da receita – não quer suscitar disputas com os vizinhos – mas sorri com gosto quando questionado sobre o assunto. "Vai ser impressionante", responde. A prefeitura, segundo ele, contratou o escritório do tributarista Sacha Calmon para elaborar um parecer. Com base nesse documento é que está baseando suas negociações com a mineradora. Sobre o primeiro protocolo de intenções que acabou suspenso, reconhece que algumas questões precisavam ser revistas para favorecer o município.

 

 

O prefeito não revela os números da projeção de crescimento da receita – não quer suscitar disputas com os vizinhos – mas sorri com gosto quando questionado sobre o assunto. "Vai ser impressionante", responde. A prefeitura, segundo ele, contratou o escritório do tributarista para elaborar um parecer. Com base nesse documento é que está baseando suas negociações com a mineradora. Sobre o primeiro protocolo de intenções que acabou suspenso, reconhece que algumas questões precisavam ser revistas para favorecer o município.

 

 

 

 

O prefeito evita polemizar sobre o sermão do padre Marcelo Romano. Mas sugere que a preocupação com os pequenos proprietários de terra é exagero. "Eles estão pedindo R$ 10 mil por um alqueire de terra", diz, insinuando que se trata de um "negócio da China". Ele próprio é fazendeiro na região. Cria gado e planta numa propriedade de 30 hectares. Os técnicos da MMX já estão pesquisando por lá, mas o prefeito garante que ainda não discutiu a possibilidade de venda para a empresa.

 

 

O prefeito evita polemizar sobre o sermão do padre Marcelo Romano. Mas sugere que a preocupação com os pequenos proprietários de terra é exagero. "Eles estão pedindo R$ 10 mil por um alqueire de terra", diz, insinuando que se trata de um "negócio da China". Ele próprio é fazendeiro na região. Cria gado e planta numa propriedade de 30 hectares. Os técnicos da MMX já estão pesquisando por lá, mas o prefeito garante que ainda não discutiu a possibilidade de venda para a empresa.

 

 

 

 

O governador do Estado, o tucano Aécio Neves, é outro entusiasta do projeto de exploração de minério de ferro na Serra do Espinhaço. No anúncio do investimento, numa solenidade no início do semestre no Palácio da Liberdade, disse que o projeto é ambicioso, ousado, mas absolutamente realista. "Nosso papel é facilitar a vida de quem quer empreender", disse.

 

 

O governador do Estado, o tucano Aécio Neves, é outro entusiasta do projeto de exploração de minério de ferro na Serra do Espinhaço. No anúncio do investimento, numa solenidade no início do semestre no Palácio da Liberdade, disse que o projeto é ambicioso, ousado, mas absolutamente realista. "Nosso papel é facilitar a vida de quem quer empreender", disse.

 

 

 

 

Segundo Aécio, sua expectativa é de que as cidades históricas afetadas na Serra do Cipó (como é conhecida a região) virem modelo da compreensão de que desenvolvimento não é um empecilho à preservação da natureza. (IM)

 

Segundo Aécio, sua expectativa é de que as cidades históricas afetadas na Serra do Cipó (como é conhecida a região) virem modelo da compreensão de que desenvolvimento não é um empecilho à preservação da natureza. (IM)

 

 

 

 

 

Donos de terras vendem áreas para a MMX

 

 

 

 

 

 

De Conceição do Mato Dentro

 

De Conceição do Mato Dentro

 

 

Sebastião Lins da Silva vive num casebre de madeira com a mulher e dois filhos pequenos. Até pouco tempo, era dono de um pedaço de chão no distrito do Sapo, onde está a maior parte das reservas de minério de ferro descobertas pela MMX. "A gente tropicava em minério de ferro, mas aquilo, para nós, não valia nada", conta a esposa, Raimunda.

 

 

 

 

 

 

Silva foi um dos primeiros a fechar negócio com a MMX, sem nem saber que quem estava por trás do negócio era uma grande mineradora. Vendeu o terreno por R$ 300 mil e deu metade aos seis filhos do primeiro casamento, como herança pela morte da mãe.

 

 

Silva foi um dos primeiros a fechar negócio com a MMX, sem nem saber que quem estava por trás do negócio era uma grande mineradora. Vendeu o terreno por R$ 300 mil e deu metade aos seis filhos do primeiro casamento, como herança pela morte da mãe.

 

 

 

 

O resto do dinheiro, não diz como aplicou. Típico mineiro do interior, prefere nem entrar nesse tipo de prosa. Mas não há sinais, pelo menos visíveis, de que o dinheiro tenha lhe garantido alguma melhora no padrão de vida. "Tião nunca foi bobo", retruca Raimunda, numa resposta evasiva. Sem explicar porquê, ambos estão convencidos de terem feito um excelente negócio ao vender o terreno onde criavam umas poucas cabeças de gado.

 

 

O resto do dinheiro, não diz como aplicou. Típico mineiro do interior, prefere nem entrar nesse tipo de prosa. Mas não há sinais, pelo menos visíveis, de que o dinheiro tenha lhe garantido alguma melhora no padrão de vida. "Tião nunca foi bobo", retruca Raimunda, numa resposta evasiva. Sem explicar porquê, ambos estão convencidos de terem feito um excelente negócio ao vender o terreno onde criavam umas poucas cabeças de gado.

 

 

 

 

Como Silva, inúmeros outros pequenos proprietários de terra estão em plena negociação com a MMX. A empresa não informou quanto já investiu em compra de terrenos na região onde tem 27 direitos minerários, de acordo com dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). As pesquisas já estão sendo feitas em nove destas áreas.

 

 

Como Silva, inúmeros outros pequenos proprietários de terra estão em plena negociação com a MMX. A empresa não informou quanto já investiu em compra de terrenos na região onde tem 27 direitos minerários, de acordo com dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). As pesquisas já estão sendo feitas em nove destas áreas.

 

 

 

 

Além das terras para exploração de minério de ferro, na região de Conceição, a MMX também negocia as faixas de terra por onde passará o mineroduto Minas-Rio, ligando a usina de beneficiamento ao porto no litoral fluminense. Ao longo da tubulação de 525 quilômetros de extensão – que passa pelo Parque Nacional da Serra do Cipó, uma reserva ambiental – há terras localizadas em 32 diferentes municípios. De acordo com a assessoria de imprensa, a maior parte dos terrenos ao longo do traçado do mineroduto já foi negociada com os proprietários. (IM)

 

 

Além das terras para exploração de minério de ferro, na região de Conceição, a MMX também negocia as faixas de terra por onde passará o mineroduto Minas-Rio, ligando a usina de beneficiamento ao porto no litoral fluminense. Ao longo da tubulação de 525 quilômetros de extensão – que passa pelo Parque Nacional da Serra do Cipó, uma reserva ambiental – há terras localizadas em 32 diferentes municípios. De acordo com a assessoria de imprensa, a maior parte dos terrenos ao longo do traçado do mineroduto já foi negociada com os proprietários.

 

 

 

 

Polêmica surpreende mineradora

 

 

 

 

 

 

De Conceição do Mato Dentro

 

De Conceição do Mato Dentro

 

 

A reação da conservadora população de Conceição do Mato Dentro pegou de surpresa a direção da MMX. A empresa foi obrigada a fazer mais concessões do que previa para conseguir a declaração de anuência do município, documento sem o qual não poderia protocolar o pedido de licenciamento ambiental na Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam).

 

 

 

 

 

 

Um primeiro protocolo de intenções com a prefeitura chegou a ser suspenso em conseqüência da polêmica na cidade. "Vimos que não podíamos desperdiçar o nosso poder de barganha", disse o prefeito Sebastião Soares dos Santos (PSDB). Para reverter a opinião pública desfavorável, a MMX concordou em arcar com as despesas de R$ 450 mil da reforma do Hospital Imaculada Conceição, o único da cidade.

 

 

Um primeiro protocolo de intenções com a prefeitura chegou a ser suspenso em conseqüência da polêmica na cidade. "Vimos que não podíamos desperdiçar o nosso poder de barganha", disse o prefeito Sebastião Soares dos Santos (PSDB). Para reverter a opinião pública desfavorável, a MMX concordou em arcar com as despesas de R$ 450 mil da reforma do Hospital Imaculada Conceição, o único da cidade.

 

 

 

 

A mineradora também concordou em arcar com as despesas para transformar as instalações de um colégio desativado numa sede do Senai, onde serão oferecidos cursos profissionalizantes para a população. A MMX também vai custear a consultoria para elaborar um plano diretor para a cidade.

 

 

A mineradora também concordou em arcar com as despesas para transformar as instalações de um colégio desativado numa sede do Senai, onde serão oferecidos cursos profissionalizantes para a população. A MMX também vai custear a consultoria para elaborar um plano diretor para a cidade.

 

 

 

 

Não há pesquisa divulgada que comprove. Mas basta conversar com os moradores, especialmente os mais velhos, para perceber que, aos poucos, a mineradora começa a minar a resistência da conservadora população. "Eles estão consertando o hospital, vão dar emprego para um monte de gente, isso não pode ser coisa ruim", diz entusiasmado o motorista aposentado Francisco Silva. A empresa investe também em outras reformas com as quais a população sonhava, como a da igrejinha do Sapo, distrito de Conceição onde será feita a maior parte da exploração do minério de ferro.

 

 

Não há pesquisa divulgada que comprove. Mas basta conversar com os moradores, especialmente os mais velhos, para perceber que, aos poucos, a mineradora começa a minar a resistência da conservadora população. "Eles estão consertando o hospital, vão dar emprego para um monte de gente, isso não pode ser coisa ruim", diz entusiasmado o motorista aposentado Francisco Silva. A empresa investe também em outras reformas com as quais a população sonhava, como a da igrejinha do Sapo, distrito de Conceição onde será feita a maior parte da exploração do minério de ferro.

 

 

 

 

Em período de silêncio por causa do processo de abertura de capital de uma de suas subsidiárias, a LLX Logística, a mineradora não atendeu o pedido de entrevista feita pelo Valor. Segundo nota enviada pela assessoria de imprensa, mesmo na fase inicial de processos de sondagem, a MMX já adota "critérios rigorosos de estudo e manuseio do solo, com colaboradores altamente capacitados para fazer as primeiras intervenções". De acordo com a assessoria, estão sendo feitos estudos detalhados para a captação de água – insumo fundamental para o projeto, já que o minério será transportado sob forma de polpa.

 

 

Em período de silêncio por causa do processo de abertura de capital de uma de suas subsidiárias, a LLX Logística, a mineradora não atendeu o pedido de entrevista feita pelo Valor. Segundo nota enviada pela assessoria de imprensa, mesmo na fase inicial de processos de sondagem, a MMX já adota "critérios rigorosos de estudo e manuseio do solo, com colaboradores altamente capacitados para fazer as primeiras intervenções". De acordo com a assessoria, estão sendo feitos estudos detalhados para a captação de água – insumo fundamental para o projeto, já que o minério será transportado sob forma de polpa.

 

 

 

 

O Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) só deverá se reunir no próximo ano para analisar o processo de licenciamento ambiental da MMX. Antes disso, porém, haverá pelo menos mais uma audiência pública para discutir a mineraçãoem plena Serra do Espinhaço. (IM)

 

 

O Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) só deverá se reunir no próximo ano para analisar o processo de licenciamento ambiental da MMX. Antes disso, porém, haverá pelo menos mais uma audiência pública para discutir a mineração em plena Serra do Espinhaço.

 

 

 

A ambientalista cobra uma posição mais firme por parte do poder público – estadual e municipal – para que a MMX seja obrigada a compensar adequadamente o impacto ambiental e social que provocará na região. "Haverá um conflito potencial para a vocação turística da cidade e aumento da demanda por serviços públicos." As operações da mineradora vão abranger outros três municípios: Serro, outra cidade histórica, Alvorada de Minas e Dom Joaquim. A jovem conhece bem o problema do desemprego na cidade. Morou em Belo Horizonte , para trabalhar, até conseguir uma emprego de auxiliar-administrativo numa das poucas lojas de eletrodomésticos e móveis da cidade. Mas nem a promessa de milhares de empregos a empolga. "É difícil acreditar que vão conceder esse licenciamento ambiental", diz ela. Entre abril e maio deste ano, logo no início das pesquisas, a MMX foi obrigada a suspender o trabalho depois de denúncia da população. A empresa, que tinha avançado 32 hectares em mata nativa, só pôde retomar a pesquisa depois de assinar um termo de ajustamento de conduta. No imaginário da população de Conceição de Mato Dentro, o exemplo do município de Itabira, enorme mina a céu aberto descoberta pela Companhia Vale do Rio Doce na primeira metade do século passado, soa como um grande sinal de alerta e alimenta discussões intermináveis. Em décadas de exploração, a mineração de ferro não conseguiu estimular o desenvolvimento econômico do município. As perdas econômicas, financeiras e ambientais em Itabira foram tema de pesquisa publicada pelos economistas Germano Mendes de Paula e Edméia Ribeiro de Melo, da Universidade Federal de Uberlândia. De acordo com eles, a mineração voltada para exportação não consegue induzir desenvolvimento auto-sustentável para os municípios mineradores. Com investimento previsto de US$ 2,3 bilhões, da MMX em parceria com a Anglo American, o chamado sistema Minas-Rio terá uma produção de aproximadamente 26,6 milhões de toneladas por ano. O minério da região de Conceição do Mato Dentro será escoado, como polpa, por um mineroduto de 525 quilômetros de extensão ligando a usina de beneficiamento ao porto Açu, no litoral fluminense. A previsão é de que sejam gerados 6 mil empregos em todo o sistema. Durante as obras de construção, o número de empregos chegará a 10 mil. Para a construção do mineroduto, a MMX já conseguiu licença prévia do Ibama. O projeto nem bem saiu do papel e os efeitos já são visíveis no centrinho de Conceição. Alugar uma casa de três quartos pode custar R$ 1 mil – preço de Belo Horizonte. Os imóveis já são disputados pelos funcionários da mineradora que começaram a chegar e também pelos empregados da empreiteiras contratadas pela MMX. Os comerciantes – além dos políticos – parecem ser os únicos em Conceição que já assimilaram totalmente as mudanças. "Vai haver alguma depredação da natureza, a cidade não será mais tão tranqüila, mas é a contrapartida para o crescimento", opina Antônio Costa Ferreira Filho. Há 50 anos, a família Ferreira vende de roupas a utilidades domésticas no centro da cidade. Segundo ele, seu faturamento já cresceu pelo menos 10% desde que os primeiros geólogos contratados pela MMX chegaram . Outro comerciante, que prefere não ver o nome publicado, é da mesma opinião. O sossego deve acabar, mas sua caixa registradora vai funcionar mais. Dono de uma padaria e de um supermercado, ele construiu nove salas para alugar em cima do supermercado. Está apostando que profissionais liberais vão começar a chegar. Bom negociante, está aproveitando também o boom da especulação imobiliária. Comprou vários lotes por R$ 17 mil cada um e os revendeu em seguida por R $ 25 mil. De Conceição do Mato Dentro A vida será diferente, mas não necessariamente pior, é o que diz o prefeito. Segundo ele, a prefeitura tem hoje pouco o que fazer com os parcos recursos do orçamento municipal, de R$ 1,2 milhão por mês. As estradas municipais, que ligam os vários distritos rurais, são todas de terra. "Quando chove é atoleiro, quando não chove é poeira." Com o aumento da arrecadação, calcula Santos, haverá dinheiro para asfaltar tudo. Também será possível construir uma espécie de rodoanel, para desviar os carros da mineração da Avenida JK, que corta o centro da cidade. O prefeito não revela os números da projeção de crescimento da receita – não quer suscitar disputas com os vizinhos – mas sorri com gosto quando questionado sobre o assunto. "Vai ser impressionante", responde. A prefeitura, segundo ele, contratou o escritório do tributarista para elaborar um parecer. Com base nesse documento é que está baseando suas negociações com a mineradora. Sobre o primeiro protocolo de intenções que acabou suspenso, reconhece que algumas questões precisavam ser revistas para favorecer o município. O prefeito evita polemizar sobre o sermão do padre Marcelo Romano. Mas sugere que a preocupação com os pequenos proprietários de terra é exagero. "Eles estão pedindo R$ 10 mil por um alqueire de terra", diz, insinuando que se trata de um "negócio da China". Ele próprio é fazendeiro na região. Cria gado e planta numa propriedade de 30 hectares. Os técnicos da MMX já estão pesquisando por lá, mas o prefeito garante que ainda não discutiu a possibilidade de venda para a empresa. O governador do Estado, o tucano Aécio Neves, é outro entusiasta do projeto de exploração de minério de ferro na Serra do Espinhaço. No anúncio do investimento, numa solenidade no início do semestre no Palácio da Liberdade, disse que o projeto é ambicioso, ousado, mas absolutamente realista. "Nosso papel é facilitar a vida de quem quer empreender", disse. Segundo Aécio, sua expectativa é de que as cidades históricas afetadas na Serra do Cipó (como é conhecida a região) virem modelo da compreensão de que desenvolvimento não é um empecilho à preservação da natureza. (IM) De Conceição do Mato Dentro Silva foi um dos primeiros a fechar negócio com a MMX, sem nem saber que quem estava por trás do negócio era uma grande mineradora. Vendeu o terreno por R$ 300 mil e deu metade aos seis filhos do primeiro casamento, como herança pela morte da mãe. O resto do dinheiro, não diz como aplicou. Típico mineiro do interior, prefere nem entrar nesse tipo de prosa. Mas não há sinais, pelo menos visíveis, de que o dinheiro tenha lhe garantido alguma melhora no padrão de vida. "Tião nunca foi bobo", retruca Raimunda, numa resposta evasiva. Sem explicar porquê, ambos estão convencidos de terem feito um excelente negócio ao vender o terreno onde criavam umas poucas cabeças de gado. Como Silva, inúmeros outros pequenos proprietários de terra estão em plena negociação com a MMX. A empresa não informou quanto já investiu em compra de terrenos na região onde tem 27 direitos minerários, de acordo com dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). As pesquisas já estão sendo feitas em nove destas áreas. Além das terras para exploração de minério de ferro, na região de Conceição, a MMX também negocia as faixas de terra por onde passará o mineroduto Minas-Rio, ligando a usina de beneficiamento ao porto no litoral fluminense. Ao longo da tubulação de 525 quilômetros de extensão – que passa pelo Parque Nacional da Serra do Cipó, uma reserva ambiental – há terras localizadas em 32 diferentes municípios. De acordo com a assessoria de imprensa, a maior parte dos terrenos ao longo do traçado do mineroduto já foi negociada com os proprietários. De Conceição do Mato Dentro Um primeiro protocolo de intenções com a prefeitura chegou a ser suspenso em conseqüência da polêmica na cidade. "Vimos que não podíamos desperdiçar o nosso poder de barganha", disse o prefeito Sebastião Soares dos Santos (PSDB). Para reverter a opinião pública desfavorável, a MMX concordou em arcar com as despesas de R$ 450 mil da reforma do Hospital Imaculada Conceição, o único da cidade. A mineradora também concordou em arcar com as despesas para transformar as instalações de um colégio desativado numa sede do Senai, onde serão oferecidos cursos profissionalizantes para a população. A MMX também vai custear a consultoria para elaborar um plano diretor para a cidade. Não há pesquisa divulgada que comprove. Mas basta conversar com os moradores, especialmente os mais velhos, para perceber que, aos poucos, a mineradora começa a minar a resistência da conservadora população. "Eles estão consertando o hospital, vão dar emprego para um monte de gente, isso não pode ser coisa ruim", diz entusiasmado o motorista aposentado Francisco Silva. A empresa investe também em outras reformas com as quais a população sonhava, como a da igrejinha do Sapo, distrito de Conceição onde será feita a maior parte da exploração do minério de ferro. Em período de silêncio por causa do processo de abertura de capital de uma de suas subsidiárias, a LLX Logística, a mineradora não atendeu o pedido de entrevista feita pelo Valor. Segundo nota enviada pela assessoria de imprensa, mesmo na fase inicial de processos de sondagem, a MMX já adota "critérios rigorosos de estudo e manuseio do solo, com colaboradores altamente capacitados para fazer as primeiras intervenções". De acordo com a assessoria, estão sendo feitos estudos detalhados para a captação de água – insumo fundamental para o projeto, já que o minério será transportado sob forma de polpa. O Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) só deverá se reunir no próximo ano para analisar o processo de licenciamento ambiental da MMX. Antes disso, porém, haverá pelo menos mais uma audiência pública para discutir a mineração em plena Serra do Espinhaço.

 

 

A ambientalista cobra uma posição mais firme por parte do poder público – estadual e municipal – para que a MMX seja obrigada a compensar adequadamente o impacto ambiental e social que provocará na região. "Haverá um conflito potencial para a vocação turística da cidade e aumento da demanda por serviços públicos." As operações da mineradora vão abranger outros três municípios: Serro, outra cidade histórica, Alvorada de Minas e Dom Joaquim. A jovem conhece bem o problema do desemprego na cidade. Morou em Belo Horizonte , para trabalhar, até conseguir uma emprego de auxiliar-administrativo numa das poucas lojas de eletrodomésticos e móveis da cidade. Mas nem a promessa de milhares de empregos a empolga. "É difícil acreditar que vão conceder esse licenciamento ambiental", diz ela. Entre abril e maio deste ano, logo no início das pesquisas, a MMX foi obrigada a suspender o trabalho depois de denúncia da população. A empresa, que tinha avançado 32 hectares em mata nativa, só pôde retomar a pesquisa depois de assinar um termo de ajustamento de conduta. No imaginário da população de Conceição de Mato Dentro, o exemplo do município de Itabira, enorme mina a céu aberto descoberta pela Companhia Vale do Rio Doce na primeira metade do século passado, soa como um grande sinal de alerta e alimenta discussões intermináveis. Em décadas de exploração, a mineração de ferro não conseguiu estimular o desenvolvimento econômico do município. As perdas econômicas, financeiras e ambientais em Itabira foram tema de pesquisa publicada pelos economistas Germano Mendes de Paula e Edméia Ribeiro de Melo, da Universidade Federal de Uberlândia. De acordo com eles, a mineração voltada para exportação não consegue induzir desenvolvimento auto-sustentável para os municípios mineradores. Com investimento previsto de US$ 2,3 bilhões, da MMX em parceria com a Anglo American, o chamado sistema Minas-Rio terá uma produção de aproximadamente 26,6 milhões de tonelad

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