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Prof. Sacha Calmon é citado pelo Jornal O Tempo


O jornal O Tempo, de Belo Horizonte, publica artigo de Acílio Lara Resende, que cita Professor Sacha Calmon.
A República dos oxímoros, ou o Brasil que continua o mesmo
Em uma de suas crônicas em "O Globo", Luiz Fernando Veríssimo se utilizou do vocábulo oxímoro para dizer que "não foi o bom coração dos banqueiros (aqui a contradição) que decretou que mau pagador também merecia crédito e que caloteiro também merecia casa". Referia-se à crise norte-americana, às suas causas, e, por isso, fazia referência expressa à "ganância descontrolada e às maracutaias de alto escalão". Que se dão aqui também, mas ainda não sofrem (reconheço, leitor, que avançamos muito), como lá, as devidas sanções.
Depois, Arnaldo Jabor, que como nós também sofre com as dores deste mundo, mas não se cansa de se indignar, no mesmo jornal, perguntou e respondeu para si mesmo: "Temos que recorrer aos chamados oxímoros? O que são? O oxímoro é a figura de retórica mais útil no mundo atual. Nascem de duas palavras contraditórias, se unem para chegar a um terceiro sentido. São como bichos de duas cabeças, centauros da sintaxe, para dar conta da ambivalência do mundo".
Tão sensível à ambivalência do mundo e, igualmente, aos seus horrores, logo depois de Jabor, escreveu Millôr: "O PT, craque na autocrítica dos outros, começa a avaliar a militância do próprio partido. Sempre, acompanhando seu líder supremo, rei do oxímoro".
Antes dos três, e de supetão, o advogado tributarista Sacha Calmon, que também faz parte daquela mesa no Campestre, em meio à disputada partida de peteca, me perguntara sobre o real sentido do estranho vocábulo. Dei-lhe a resposta também de supetão, antes de confirmá-la no Aurélio, que anda precisado (será só o meu?) de urgente atualização. Sacha ameaçou, mas não ousou usá-lo em seus artigos. Ou, se o fez, passou despercebido aos seus leitores.
"Como não há vinho que embriague como a verdade" (como diria o inigualável Machado de Assis), justiça seja feita: foi Sacha Calmon quem, tocado pela Lei da Sincronicidade (criação minha?), desencadeou o uso do que se transformou em (útil) figura de retórica, muito embora, hoje, o excesso de eloqüência ou de termos pomposos não está com nada – nem na política, nem no discurso, nem na conversa.
Retifico o que disse no último parágrafo. Por paradoxal que seja, há, no Brasil, pelo menos uma retórica que tem seu lugar. Seu dono é o presidente Lula. Ele a usa e, de fato, dela abusa. Pode até não fazer uso de termos pomposos, mas não escapa dos chulos, e não perde prestígio… Aliás, a cada dia sobe mais na escala da aprovação popular…
O que desejava mesmo, com esta leréia, era me referir ao uso que fiz, em artigo publicado no velho JB, e escrito há mais de três décadas, de um vocábulo que é primo-irmão do oxímoro. Seu nome: paradoxo. Título do artigo: "A República dos paradoxos".
Passaram-se 35 anos e o país continua o mesmo, repleto de paradoxos e, agora, de oxímoros. Mas será só o país ou seremos todos nós paradoxais? Outro dia, o ex-deputado Carlos Elói (que se prepara para contar, em livro, os bastidores da política que viveu…), integrante da velha grei mineira de exímios conversadores, me fez esta pergunta: "Afinal, quem é esse tal de Lula? O homem não tem similar! Em plena crise, ele prega a gastança, pois pede ao povo para consumir!" De fato, o que propõe Lula é outro oxímoro, que está sendo defendido, com unhas e dentes, por economistas renomados.
Em 2009, por precaução, evitemos alguns oxímoros. Não sejamos, por exemplo, os mesmos tristes palhaços de 2008…

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