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Folha de São Paulo traz comentário de Sacha Calmon
26 de setembro de 2012
A Folha de São Paulo ouviu o professor Sacha Calmon em notícia sobre a Prefeitura e o Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto. A notícia foi reproduzida pelo site BOL.
Confira a matéria:
 Perito em ações da prefeitura comanda os cortes de água
Perito em ações da prefeitura comanda os cortes de água
Administrador da MCP aparece em 12 processos do governo municipal
Especialistas veem suspeição; procurado desde a semana passada, perito não fala com a reportagem
ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO
A empresa MCP Serviços, responsável por fazer corte e religação do fornecimento de água em Ribeirão Preto, é administrada por um perito judicial que já atuou em processos que têm Daerp (departamento de água e esgoto) e prefeitura como envolvidos.
Para especialistas, o vínculo é suspeito. Pelo Código de Processo Civil, juízes e peritos não podem ser credores ou devedores de partes envolvidas nas ações, nem ter parentes nessas condições.
Embora não apareça nos registros da MCP, o perito Halyson Walderrama é o responsável pela terceirizada do Daerp, segundo funcionários da empresa disseram à Folha por telefone e no local.
Oficialmente a empresa está no nome de Giuliana Palumbo, mulher de Walderrama. Ele exibe a natureza da relação no Facebook.
O ex-dono da MCP Mauro Célio de Paula confirmou que vendeu a empresa para o perito há cerca de dois anos.
“Fala com o Halyson [Walderrama] que é tudo com ele agora. Eu não tenho mais nada a ver com isso.” Apesar da declaração, Paula ainda aparece nos registros da Junta Comercial como sócio minoritário (5%) da empresa.
Giuliana passou a assinar pela MCP em abril de 2010. Desde então, o marido dela foi nomeado pela Justiça para fazer a perícia técnica em pelo menos 12 ações envolvendo a prefeitura e mais duas relacionadas ao Daerp.
Como perito, Walderrama calcula valores de dívidas questionadas na Justiça ou débitos trabalhistas. Pelos serviços ao Daerp, a empresa já recebeu R$ 709 mil.
A Folha procura desde a semana passada uma resposta de alguém da empresa.
SUSPEIÇÃO
O vínculo entre ele e a empresa terceirizada é questionável, segundo especialistas, com o argumento de que o perito poderia favorecer a prefeitura ou o Daerp ao estipular os valores para a Justiça.
“Há um problema claro de suspeição nesses casos porque o perito tem de ser totalmente imparcial, como o juiz”, disse o especialista em direito público André Tostes.
O professor da FGV de São Paulo Carlos Ari Sundfeld também vê suspeição no fato de a empresa da mulher do perito ter contrato com uma autarquia de Ribeirão. “Não se trata de acusação por desonestidade, mas é preciso garantir isenção. [Havendo questionamento] O juiz pode destituir o perito.”
Já o professor de direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro Sacha Calmon afirmou que o Ministério Público pode questionar a isenção do perito.
 
				