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Folha ouve André Mendes sobre tributação de eletrônicos


O Jornal Folha de São Paulo publicou comentário do sócio André Mendes Moreira acerca da carga tributária incidente sobre produtos eletrônicos no Brasil. A reportagem traz entrevista com o executivo Gary Shapiro, presidente da Consumer Electronics Association (CEA), confira:

Brasileiros pagam tarifas demais para comprar eletrônicos

País ergue uma muralha de impostos que prejudica o consumidor, afirma executivo da maior feira do setor, que começa hoje nos EUA

LUCIANA COELHO, DE WASHINGTON

Gary Shapiro sonha com um acordo de livre-comércio entre Brasil e EUA.

À frente da CEA (Consumer Electronics Association), maior associação da indústria de eletrônicos dos EUA e promotora da feira CES, ele reclama das barreiras tarifárias do país, que afastam exportadores americanos interessados no mercado local.

A falta de soluções em vista, porém, não o desanima. “Estive no Brasil algumas vezes, o país é lindo. Estou pensando em fazer um evento lá em algum momento”, afirmou o executivo à Folha.

Por ora, entretanto, seu foco está na CES, a maior feira do gênero, que começa hoje em Las Vegas e vai até sexta-feira. A expectativa de Shapiro é superar a marca de mais de 150 mil visitantes do ano passado.

Folha – Soube que o sr. reclamou dos impostos no Brasil.

Gary Shapiro – Na CES, estamos incentivando brasileiros a virem. É que as tarifas [sobre importados] no Brasil são tão altas que os brasileiros gostam de comprar aqui.

A CEA mantém alguma negociação com as autoridades brasileiras a respeito dos impostos sobre eletrônicos?

Não. É um desafio que nossas empresas associadas enfrentam [são mais de 2.200, incluindo Apple, Microsoft, Dell]. É muito difícil exportar produtos eletrônicos ao Brasil, pois o custo dos importados fica muito alto por causa das tarifas. O consumidor brasileiro paga muito.

Qual seria a solução? A associação tem alguma proposta?

Seria ótimo se os EUA e o Brasil, em algum momento, tivessem um acordo de livre-comércio. Isso cobriria essa questão. Mas o Brasil tem uma estratégia para construir uma muralha [de impostos] em torno do país, mais do que qualquer outro… Não sei por que os consumidores brasileiros têm de pagar tanto a mais. Acho frustrante, mas não temos o que fazer. Está na mão do governo brasileiro.

Qual será a grande atração da CES neste ano? Algumas empresas estão dando menos atenção ao evento.

A exposição será a maior que já tivemos, historicamente. Teremos 3.000 empresas exibidoras e esperamos 150 mil visitantes -não só o público mas empresários também. Destes, 35 mil devem vir de fora dos EUA. Só do Brasil, em 2012, vieram 835 pessoas.

O impacto da crise global ainda se faz sentir ou podemos falar em recuperação?

Depende de qual período de tempo você observar. Há melhora, há sinais promissores, mas há a questão do crescente deficit fiscal nos EUA [que torna o cenário econômico e político instável e inibe o consumidor]. Depende de como nossos políticos lidarão com isso.

Como estão as vendas?

Para eletrônicos, houve ligeira melhora, e esperamos um pouco mais de avanço neste ano. Acho que isso se deve mais aos produtos, inovadores. O tablet foi o presente de Natal mais desejado em 2012, e neste ano esperamos vender um produto para cada americano -310 milhões de smartphones e tablets.

Fabricantes têm, cada vez mais, promovido eventos próprios para lançar seus produtos, como Apple e Microsoft fazem. Isso afetou a CES?

São eventos para a imprensa. Na CES temos 5.000 jornalistas também. E a feira estará lotada de expositores, não vejo competição.

Raio-x Gary Shapiro, 56

QUEM É

Presidente da CEA (Consumer Electronics Association); advogado e lobista

O QUE FAZ

Dirige a maior associação da indústria de eletrônicos nos EUA, com 2.200 associadas, e promove a CES; participou da criação das TVs HD

O QUE ESCREVEU

“The Comeback: How Innovation Will Restore the American Dream” (Midpoint Trade Books, 2011) e “Ninja Innovation” (Harper Collins, 2013)

Dispositivos chegam a custar o dobro no país

DE SÃO PAULO

Os impostos que Gary Shapiro menciona contribuem para que eletrônicos cheguem a custar no Brasil o dobro do que nos EUA.

Um MacBook Pro vendido a R$ 7.999 por aqui sai por cerca de R$ 4.010 em Nova York (US$ 1.799 mais 8,875% de taxa).

Incidem sobre o preço do notebook no Brasil 18% de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), 16% de II (Imposto de Importação), 15% de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), 7,6% de Cofins e 1,65% de PIS, de acordo com o advogado André Mendes Moreira, do escritório Sacha Calmon – Misabel Derzi.

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